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Mal podia esperar para você entrar na minha vida atual, que depois de você ter entrado nela, eu chamei de vidinha. E entrou para me tirar das noites com lembranças dos doces compulsivos. Mal podia esperar para você me arrancar dos bares cheios de álcool e das baladas onde todo mundo balança a cabeça até o cérebro virar um liquidificador e fazer um bolo de massa cerebral. Mal pude esperar para você me resgatar das conversas bobas nos finais de noite e dos caras sem futuro. Para você dizer que Sartre, Nietzsche e Schopenhauer não fazem de mim uma pessoa inteligente e que, sendo assim, isso não assusta minimamente você. Mal posso esperar para você me arrastar para a sua vida e me dizer que eu não preciso ter medo de me perder da pessoa que eu adoro ser. Mal posso esperar para você me surpreender nas horas em que eu não quero, ou não espero, porque talvez assim eu deixe de ser tão teimosa e de querer fazer tudo só quando me dá vontade. Mal posso esperar para você me dizer "não" e eu aprender a não ser sempre tão teimosa e mimada. E você mudou meus sábados descalça e imensamente feliz ao som da cantora de jazz, porque essa é uma felicidade que eu já conhecia, e para viver eu preciso muito de coisas que eu ainda não conheço. Então você descobriu que comigo "não" é "não", e "sim" é "sim", porque eu odeio esses joguinhos que todo mundo inventou para supostamente se divertir e só às vezes confundo. Você veio e me deu algo para cuidar, logo eu, que não sei cuidar direito nem de mim. Mal posso esperar para você chegar e acalmar minha perna que vive balançando embaixo da mesa, acalmar meu olhar impaciente e acalmar essa minha urgência de viver. E você, antes mesmo de chegar, já estava me ensinando a fazer uma coisa quase impossível para quem me conhece: esperar.
Ellen Cocino, adaptado por caixinha delicada

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