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A verdadeira vivência...

 
Quando eu falo em casamento, você pensa em quê? Dizer "sim" pra pessoa que você ama na frente de todas as pessoas que você gosta e gostam de você. Mas falando bem a verdade, falando cá entre nós... Não é esse "sim" que faz a diferença na vida da gente. Não é desse "sim" que eu quero falar hoje.
Vou me casar no final do ano. Compramos um apartamento, contamos moedas e fizemos contas a perder de vista. Decidimos. Sim. Eu escolho a cortina, ele escolhe o guarda-roupa. Eu quero um abajur, quero meus quadros da Marilyn e uma cozinha tipo americana. Ele quer o vídeo game dele, um sofá confortável e uma estante de livros. Sim, concordamos. Eu não gosto de vídeo game, nem ele da Marilyn. Mas dizemos sim.
Existem dias que não gosto de ver a rua, gosto de me esconder embaixo da coberta e assistir filme até ficar vesga. Ele adora ir pra rua, ver gente, dar risada alta e ouvir música. Dizemos sim. Dias pra mim, dias pra ele. Ele se esconde na coberta comigo, eu saio pra noite com ele. Ele gosta de umas bandas chatas desconhecidas, eu gosto de MPB. Eu digo sim, aprendi até algumas canções. Ele diz sim pras minhas loucuras, minha mania de sempre ter um porém.
Eu não gosto de carne gordurosa, ele não come ovo frito. Sim. Ele vive atrasado e com sono, eu sou pontual e acordo cedo. Eu sou pequena, ele é grande. Eu gosto de carinho nas costas, ele adora cafuné. Eu adoro cozinhar, ele adora comer. Entendo de gramática como ninguém, ele lê sem respeitar vírgulas. Amo poesia, ele detesta. Durmo cedo, ele só dorme de manhã. Mas sim, sim, sim. Sim mil vezes.
Repetimos sim, todos os dias. Concordamos, achamos um meio termo. Chegamos a um ponto em comum. Aceitamos, respeitamos. Renovamos nossos votos quando paramos de tentar mudar um ao outro e passamos a moldar nossas nuances, pra que se encaixem. Fazemos da convivência um momento pra celebrar a diferença.
Dizer sim é amar ao outro, como ele é. Sem falsas promessas e idealizações. É amar aquela mania chata que ele tem, de responder as perguntas com um "ãhn?" meio surdo, quando não está prestando atenção. Ou aquela conversa chata sobre o serviço dele. É amar até a roupa suja, largada no canto do banheiro. As pegações de pé, as crises de mau humor, a louça deixada na pia, o compromisso que ele esqueceu.
Dizer sim é aceitar que ele erra. Dizer sim é pedir pra que ele aceite que eu erro, também. Dizer sim é perdoar as falhas dele, é perdoar as minhas. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. 
Eu aceito. E você?
 
(Thais Cinotti)

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